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ENTREVISTA: Rosana Banharoli


Foto: Davi Kinski

Rosana Banharoili se define como "jornalista por formação; poeta por teimosia". É autora de "Ventos de Chuva", (2011, Ed. Scortecci) , prêmio Scortecci 2012 e "3h30 ou quase isso", de prosa e verso, e-book publicado pela Amazon em 2013. É curadora do festival literário Fliparanapiacaba e,desde março de 2015, coordenadora de linguagem da Casa da Palavra . Nesta entrevista, Rosana nos fala sobre a experiência com a Fliparanapicaba, sobre como manejar (falta de) dinheiro para cultura e da experiência de levar literatura para um ambiente normalmente pouco receptivo à arte, um Shopping Center.

Passarela ZineVocê é uma poeta premiada. O que a artista empresta à gestora cultural, ou, em outras palavras, o que sua arte influencia no seu trabalho ?

Rosana Banharoli :Minha formação como jornalista e a teimosia com a poesia como vital a minha sobrevivência ajudam-me a construir esta nova função, diariamente. Mesclo a curiosidade à dúvida à sensibilidade. Procuro estar bem-informada sobre as questões do universo artístico cultural, às questões de mundo, principalmente no que se refere às políticas públicas e gosto de estar presente em eventos ligados à Literatura, como os saraus. É dai meu alimento: novos conhecimentos, estilos, gêneros e leituras. Neste momento de presença tudo conflui.

PZ -Não é novidade que os aparelhos culturais recebem menos verba do que o necessário. Como manejar este dinheiro? Como escolher entre o que é necessário e possível?

R.B: Sim, passamos por momento difícil. Quase que generalizado. Acredito que a Cultura é o segmento que nestes momentos de crise criada ou de crise real é sine quo non a sua permanência, sua difusão e incentivo, pois ela acolhe, identifica. Ela dá mecanismos para a reflexão. Para a formação cidadã. Não me é confortável pedir a um artista que se apresente gratuitamente, então optei por apoios, parcerias, Proacs e primeiras exibições, isto é: as contrapartidas pelas residências artísticas que a Casa oferece. Este ano firmamos parcerias com a Embaixada Francesa e o jornal Le Monde Diplomatique Brasil para o Projeto Cinema & Psicanálise; com a Editora SBS e a Cultura Inglesa para o mês de abril com o tema Com a Palavra Shakespeare; com a Casa das Rosas -, Centro de Apoio ao Escritor; com o Coletivo Lentes Periféricas para o Projeto Cine Concha de Documentários da Cena Independente e com algumas editoras para os Saraus; com a Abrasp para as oficinas de Humanidades e com outras Secretarias. É por ai.

PZ A Casa da Palavra já teve um perfil de formação de escritores, com oficinas literárias e cursos relacionados à literatura. Atualmente, qual o objetivo da Casa ? Qual o conceito?

R.B -Este continua sendo o escopo principal da Casa da Palavra. Promover instrumentos que auxiliem na formação de um escritor, ou no mínimo de um melhor leitor. As oficinas de criação literária e humanidades são o alicerce da Casa. Desde que assumi como coordenadora de Linguagem, há um ano,já tivemos oficinas com Carlos Felipe Moisés, com Reynaldo Damásio, com Julio Mendonça, com Brunno Almeida Maia e os oficineiros convidados pela Cia Estrela Dalva sobre a obra de James Joyce. Para este mês de maio, estão abertas inscrições para a oficina de Contos Boçais com Enrique Aue. [casadapalavra@santoandre.sp.gov.br]

PZ - Vocês inauguraram um espaço da Casa da Palavra no Atrium Shoping ? Qual o objetivo e qual sua expectativa quanto ao novo espaço ?

R.B -Este espaço é a minha menina dos olhos [risos]. O Marketing do Atrium Shopping apresentou convite para que a Casa da Palavra assumisse uma loja por um tempo para levar as ações lítero-culturais que a Casa pratica . O nosso Projeto Leva & Traz, no shopping é o de divulgar a Casa, pois segundo recente pesquisa, 70% dos moradores de Santo André, não conhece a Casa e nem suas atividades. Então,literalmente ocupamos o espaço oferecido de 9m² com uma ambientação pertinente com instalações à base de livros, por Zenildo Alves de Oliveira -, LucazBrazil, funcionário da Casa e com plotagem nas paredes de fragmentos de poemas de poetas ligados à Casa. Convidamos autores, atores, músicos autorais e editoras que publicam os autores da região e, como resultado temos mesa de troca livros, novos e contemporâneos, muitos recém-lançados, de quarta-feira a domingo das 12h às 20h e aos domingos com saraus e oficinas. Divulgamos, assim, algumas das atividades que a Casa da Palavra oferece; difundimos os nossos talentos e ainda incentivamos a leitura. E, de quebra, os autores e músicos podem comercializar suas obras. O Projeto que iniciou em 15 de março ficará no shopping até 15 de maio. Nesta mesma data, ocuparemos outra loja/espaço, mas desta vez, direcionada às artes visuais, isto é, com 3 exposições: Shakespeare; Copia e Cola e Vida e Obra de Frida Khalo. O Projeto de troca livros vem junto até 15 de agosto, quando a Casa da Palavra se despede do Atrium, quiça, com novo público e leitores.

PZ- A Fliparanapiacaba teve uma primeira edição de sucesso e uma segunda cancelada. Qual sua avaliação? Você considera que houve algum erro no planejamento da segunda edição? Podemos esperar por uma nova Feira Literária em Paranapiacaba para 2016?

R.B -Esta pergunta é difícil de responder, por agora. A empresa Sancota Eventos, da escritora Denise de Oliveira Masselco, criada para realizar a Fliparanapiacaba recebeu na última semana, o Prêmio Empresa Empreendedora, justamente por a Feira Literária ter o diferencial de inclusão cultural e social. O mesmo fator que a colocou, pela revista Cândido, como a Feira que representa o Estado de São Paulo, no circuito nacional de Feiras. Tenho muito carinho e orgulho por ser a curadora. Em 2014, levamos para a Vila, próximas 12 mil pessoas e 250mil em investimento direto aos comerciantes locais. A segunda edição foi cancelada devido ao Proac de incentivo fiscal que até 20 dias antes do evento ainda não tinha analisado o projeto. Vale ressaltar que a empresa já tinha os patrocinadores. Para este ano, iniciou-se uma conversa e o projeto também foi enviado aos editais do BNDS e Proac. Estamos em compasso de espera.


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