top of page

Heleny Guariba exibe o clássico “Cidadão Kane”


O cineasta Orson Welles, que comemoraria 101 anos se estivesse vivo, e Cidadão Kane, seu primeiro filme, de 1941, se confundem. Não apenas por esta ser sua obra mais célebre, mas também pelo paralelo entre o diretor norte-americano e Charles Foster Kane, protagonista da película, interpretado pelo próprio Welles e inspirado (para dizer o mínimo) no magnata da imprensa Willian Randolph Rearst. Ambos, Rearst/Kane e Welles, atingiram a glória máxima e tiveram fins melancólicos. Welles, diga-se, entrou em decadência justamente por revelar em seu “Kane” detalhes da vida de Rearst que este dava tudo para que permanecessem ocultos. A insistência do diretor em não realizar os cortes pedidos por Reast (que não tinha nada a ver com a produção) o levou a um embate vencido pelo magnata, que conseguiu com que praticamente nenhum cinema exibisse “Kane”. O prejuízo causado à RKO, produtora do filme, manchou sua carreira e jamais ele voltaria a ter novamente a liberdade conquistada graças a seu sucesso no rádio. Não que ele não voltaria a realizar obras-primas (fez,e não poucas) mas nenhuma teve a integridade intocada de “Kane”. O caso mais gritante é o do filme seguinte, Soberba, de 1942, que teve cenas inteiras feitas na ausência de Welles além de um estapafúrdio final, que era completamente oposto ao que ele idealizara .


Considerado marco inicial do cinema moderno e presente em dez entre dez listas dos melhores de todos os tempos (não raro em primeiro lugar), Cidadão Kane traz para as telas a dúvida , a angústia e, principalmente, a ambiguidade que até então tinham pouco ou nenhum espaço nas grandes produções.

Descrito pelo escritor argentino Jorge Luis Borges como “um caos de aparências” , é um filme que, de forma inédita, acredita na impossibilidade de se filmar a realidade em sua totalidade e que, para isso, a distorce e transforma, fazendo uso brilhante da fotografia de Greg Toland e dos ângulos inusitados da câmera, ora muito acima dos atores,ora muito abaixo, ou formando perspectivas inebriantes.


Já a narrativa ,fragmentada, não se pretende capaz de nos dizer exatamente quem é Charles Foster Kane e por isso nos leva a um impasse. Esse “caos de aparências” ,então, incomoda o público e o conclama a interferir no sentido da obra e buscar entender por si só quem é ,de fato, Kane.


Orson Welles em seu primeiro filme abre as portas para praticamente todas as inovações que viriam dali em diante fazendo uso de recursos como a profundidade de campo, que permite que todos estejam em foco e não apenas aquele personagem mais importante no momento, como do plano-sequência (cena longa e sem cortes). Ambos artifícios permitem ao diretor abrir mão de do direito tirano de dizer ao público o que este este ver (e por quanto tempo) para dar a ele a liberdade de escolher para onde e como direcionar seu olhar.


Por último, é importante que se diga: se alguém está pensando em ver o filme na tela do computador, é bom reconsiderar. Cidadão Kane é daqueles filmes que pedem para serem vistos em tela grande. resta saber se a cópia é em DVD ou Blu-Ray (a prefeitura não divulgou), o que faz toda a diferença na qualidade da imagem.



A exibição é gratuita.



CIDADÃO KANE ( Citzen Kane)

1941 - EUA - 120 min. - Legendado

Quando: 14 de maio , 19h

Local: Auditório Heleny Guariba - Praça IV Centenário, s/n - Centro

GRÁTIS



bottom of page